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organizacionais, a harmonia e o equilíbrio – Comte, Spencer, Pareto, Durkheim, Parson
– e, por conseguinte, tomam o conflito como uma patologia social, um mal que deve ser
reprimido e eliminado, e os segundos, – Marx, Stuart Mill, Simmel, Dahrendorf – que
consideram que os grupos e os sistemas sociais são profundamente marcados por
conflitos, porque em uma sociedade o equilíbrio e a harmonia não são normais. Portanto,
visualizam nos conflitos, potenciais criativos, sementes de mudanças, progressos e
melhoramentos. Identificam conflitos com vitalidade.
Como modo de interação, o conflito destina-se a resolver dualismos divergentes,
logrando unidade mesmo que de modo mais extremo signifique a aniquilação do outro,
seguindo a máxima de que “se você quer paz prepare-se para a guerra”. No dualismo, o
conflito interliga aspectos antagônicos revelando-se em toda a sua complexidade.
Para George Simmel (2013) os indivíduos não atingem a unidade de pensamento
mediante uma harmonização exaustiva, fundada em acordos baseados em normas de
lógicas objetivas, religiosas ou éticas. Segundo ele, a unidade social é o produto de
convergências e divergências entre os membros de um grupo. Um grupo absolutamente
centrípeto e harmonioso, dotado de uma pureza unificadora, é empiricamente irreal. A
estrutura orgânica de um conjunto humano de sociação é produto de seus antagonismos,
é na pluralidade de ideias em contraposição que nasce toda a vivacidade e coesão orgânica
de uma reunião de pessoas.
O pensamento de Simmel (2013) permite elaborar uma nova gramática para os
conflitos, em especial para os novos conflitos escolares, na medida em que afirma que a
unidade e a harmonia não são produto de uma simples e linear aplicabilidade de normas
lógicas e objetivas, mas se dão nos encontros e desencontros, nas antíteses e
convergências. Assim, a compreensão da dimensão criativa do conflito conduz ao âmago
do sujeito e deflagra novas leituras para a regulação das divergências humanas oriundas
das lutas por reconhecimento no espaço contemporâneo das escolas.
No ponto Warat (2001) afirma que para abrir as portas do céu é preciso primeiro
passar pelo inferno e antes de evaporar é necessário ferver, assim, as transformações
alquímicas que podem conduzir à ordem devem ser jogadas sobre o tabuleiro da
autenticidade dos contrários. No ódio, na raiva, na desordem, desnuda-se o caos e as